terça-feira, 4 de setembro de 2012

Almaviva 2009


Pra fechar a viagem com chave de ouro nada mais nada menos que um ícone do Chile. Tudo bem que o valor dele é exorbitante e muitos digam que não vale o quanto pesa, mas nesse caso não é só o caldo dentro de uma garrafa, é uma conquista, um desafio vencido, é um momento em uma mesa, em uma viagem em uma vida. Pode até ser clichê, mas a soma de todas as variáveis que incidem sobre uma ocasião não tem preço.

Tudo isso aliado à melhor companhia, um ótimo atendimento e preço acessível deixou tudo perfeito. É um ótimo investimento numa viagem ao Chile. Sei que existem diversos restaurantes que servem pratos excelentes com vinhos tão bons quanto este, mas como tinha dito nas últimas postagens essa viagem foi cheia de contratempos e o foco não era somente os vinhos, então essa opção foi a mais acertada e inesperada. Quando tivermos a oportunidade de viajar com o fim gastronômico vamos reservar mais tempo para caça a tesouros que merecem mais atenção e planejamento.

Voltando ao foco, o Almaviva é fruto da aposta de dois grandes produtores de vinho no mundo, a Concha y Toro que dispensa mais comentários e a Baron Philippe de Rothschild que a séculos produz vinhos de renome na França.

Desse esforço em conjunto nasce em 1998 (eu estava entrando na faculdade) o Almaviva que foi muito reverenciado.

Críticas a parte, vinho bom é vinho bom e dá muito trabalho de ser produzido e quem dirá ser precificado. Como produzir vinhos não é uma ciência exata eu não entro no mérito de comparar ou lançar um veredito.

Esse vinho é um corte bordalês que levas as seguintes uvas e suas proporções: Cabernet Sauvignon (73%), Carménère (22%), Cabernet Franc (4)%, e Merlot (1%), que descansa 18 meses em barricas de carvalho francês novas. Dizem os mais míticos que os anos ímpares no Chile são mais favoráveis climaticamente para a produção de grandes safras e segundo seus produtores essa safra de 2009 foi excepcional com estações bem definidas que resultou em uma colheita de ótima qualidade.

Vamos ao vinho!

Em taça é vermelho rubi intenso com reflexos violáceos. Pedi para servirem o vinho de imediato junto com a entrada para observar a sua evolução em taça. Sua complexidade aromática e evolução surpreendem com fruta escura como amoras, notas florais, baunilha de leve e chocolate bem nítido seguido de especiarias. Impressionante como se o vinho fosse se transformando e mantendo uma unidade e identidade única.

Na boca se mostrou jovem, mas não muito agressivo. Ótimo corpo e presença da fruta, taninos sedosos e nem preciso comentar do final e sua persistência que junto do filet que veio ao ponto tornou a experiência indescritível. Nesse momento a sensação de tempo x espaço se amplia fazendo os minutos durarem horas.

A safra 2007 que também foi excelente deve estar em um estágio magnífico e foi uma pena não poder trazer um 2009 para guardar e tomar daqui uns anos, porém trouxe uma meia garrafa do EPU 2007que pertence à segunda linha da vinícola e deve estar tinindo!

Preciso dizer mais?

Saúde!

2 comentários:

  1. Essa idéia de que vinho é obra de arte que não se pode julgar o preço é o que faz pagarmos tanto aqui no Brasil. Eu discordo. Os americanos julgam sempre o custo benefício, e por isto pagam muito menos. Tem a questão de impostos e tudo o mais, mas tem a cultura também. Esse estoria de "mito", só deveria ser aplicada a alguns pouquíssimos vinhos, com mais de século de tradição. Se queremos preços melhores temos que mudar nossa cultura primeiro, que é de submissão e aceitação. Não adianta esperar que o governo mude tudo.

    abs,

    Marcelo.

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    1. Amigo Marcelo,

      Adorei sua crítica principalmente por ter sido bem argumentada.

      Concordo em parte com o que disse, principalmente na questão dos impostos o que poderíamos dialogar por horas esse assunto que está arraigado em nossa cultura desde os portugueses e sua coroa. E isso é para tudo, não só para os vinhos. Nos Estados Unidos o sistema e a colonização foi composta de uma forma totalmente diferente do Brasil e você está certo no ponto de que temos que fazer algo para mudar esse cenário. Eu já percebo mudanças com relação à essa falsa sensação de poder aquisitivo e falsa idéia de desenvolvimento que está nos tornando em uma nação ignorante e com um pouco mais de dinheiro no bolso, porém o comportamento as vezes muda e sinal disso é a desaceleração na economia que obrigou o governo a manter a baixa do IPI.

      Com relação ao preço do vinho eu sei como os impostos são abusivos e como a produção nacional não tem capacidade para superar "alguns" produtos importados, tanto que esses vinhos que chamou de "mito" em minha opnião é um produto bem paupável e que tem seu custo vinculado à qualidade de séculos de envolvimento com o mundo do vinho de seus autores, nesse caso os Rothschild e com alguns séculos a menos os Concha. Tudo bem que os vinhos produzidos pelas parreiras tradicionais e seculares podem até ser considerados mitos, mas nada que não possa ser alcançado se esse for realmento o objetivo o que faz quebrar a barreira do irreal e real.

      Voltando ao assunto dos impostos e com essa contínua prática abusiva de nossos governantes que o utilizam para encher os próprios bolsos, eu nada mais fiz do que grande parte da classe média, inconformada com essa situação, andou fazendo nesses últimos dois anos e que deixou a nossa presidenta de cabelos em pé que foi buscar o produto na fonte. Essa medida até obrigou o governo a criar defesas contra a evasão de divísas como o estúpido aumento de IOF. Aposto que no Brasil existem mais iPhones que migraram no bolso de seus donos vindos dos EUA do que vendidos diretamente pela Apple.

      Concordo plenamente com essa posição e atitude, tanto que eu não compro vinhos caríssimos aqui no Brasil e sim viajo para pagar preços mais justos ou encomendo com amigos que estão viajando.

      É isso aí. Quando quiser podemos discutir mais sobre esses assuntos. Com uma taça de vinho!

      Saúde!

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